Infeções urinárias
O sistema urinário inclui os rins (filtram o sangue para produzir urina), os ureteres (transportam a urina dos rins para a bexiga), a bexiga (armazena urina) e a uretra (o tubo que transporta a urina da bexiga para o exterior).
O que são?
O sistema urinário inclui os rins (filtram o sangue para produzir urina), os ureteres (transportam a urina dos rins para a bexiga), a bexiga (armazena urina) e a uretra (o tubo que transporta a urina da bexiga para o exterior). As infeções urinárias acontecem quando bactérias entram na uretra e sobem até à bexiga ou aos rins.
Quando a infeção permanece na bexiga, chama-se cistite. Se for acima da bexiga até aos rins, chama-se pielonefrite. Tanto as cistites como as pielonefrites são tipos de infeções urinárias. As cistites são mais comuns do que as pielonefrites, sendo estas últimas mais graves.
As infeções urinárias são provocadas por bactérias que não existem normalmente no trato urinário, mas sim no gastrointestinal. Acontecem quando as bactérias do trato gastrointestinal chegam à zona genital e sobem através da uretra até à bexiga. Desde a bexiga, podem ainda subir para um ou para os dois rins.
Alguns dos fatores que aumentam o risco de desenvolver infeções urinárias incluem:
- Ter diabetes
- Ter tido uma infeção urinária nos últimos 12 meses
- Ter relações sexuais frequentes
- Utilizar espermicidas ou diafragma
- Ter obesidade
- Ter pedra nos rins ou outras obstruções do trato urinário
- É difícil determinar a causa das infeções urinárias, pois são muitas as causas possíveis.
- As infeções urinárias não só se transmitem entre pessoas, mas as relações sexuais podem agravar uma infeção urinária existente.
- As mulheres apresentam um maior risco para infeções urinárias visto que a uretra é mais curta do que nos homens, e mais próxima do ânus, e por isso é mais fácil para as bactérias atingirem a uretra e chegarem à bexiga. É, por isso, recomendável que as mulheres se limpem da frente para trás, minimizando a possibilidade de contaminação fecal.
- As mulheres menopáusicas têm também um maior risco de infeções urinárias já que os baixos níveis de estrogénio alteram o revestimento da uretra e aumentam por isso o risco de infeção.
- Doenças que possam fragilizar o sistema imunitário, alterações hormonais, a diabetes, a esclerose múltipla, um enfarte recente ou danos na medula espinal podem também fazer aumentar o risco de infeções urinárias.
- Há também alguma evidência de que existe uma predisposição genética para as infeções urinárias, ou seja, que independentemente de qualquer comportamento ou condição de saúde, há uma maior probabilidade de ter infeções urinárias.
Sintomas
Alguns dos fatores que aumentam o risco de desenvolver infeções urinárias incluem:
- dor ou ardor ao urinar
- necessidade frequente e/ou urgente de urinar
- sangue na urina
- desconforto /sensação de peso no abdómen inferior
- cheiro fétido e/ou urina baça
No caso de uma pielonefrite, além dos sintomas referidos, pode existir também:
- febre e arrepios
- dor de um dos lados da lombar (onde os rins estão localizados)
- náuseas ou vómitos
- cansaço
É importante não atrasar o diagnóstico de uma pielonefrite, para que um atraso no tratamento não provoque complicações mais sérias.
De referir ainda que por vezes as infeções urinárias são assintomáticas, só sendo detetadas por análises à urina e que, nestes casos, poderá ser mais difícil o diagnóstico antes de que a infeção evolua para pielonefrite.
Diagnóstico
- Muitas vezes é possível diagnosticar uma infeção urinária com base nos sintomas, nomeadamente quando não se tem qualquer tipo de irritação ou corrimento vaginal.
- Outras vezes é pedida uma urianálise acompanhada ou não de uma urocultura, necessárias para ajudar a diagnosticar uma infeção urinária. A urianálise vai despistar a presença de glóbulos brancos na urina (os glóbulos brancos, ou leucócitos, são responsáveis pela luta contra infeções, pelo que a sua presença na urina é sugestiva de infeção).
- A urocultura é um teste que utiliza uma amostra da urina para cultivar bactérias em laboratório. Ajuda a identificar o tipo de bactérias que está a provocar a infeção urinária e a decidir que antibiótico é ativo contra esse tipo de bactérias. Normalmente demora 48 horas para ter o resultado.
A urianálise e a urocultura são normalmente pedidas às pessoas que:
- Apresentam sintomas de infeção urinária pela primeira vez
- Têm sintomas que não são exclusivos de uma infeção urinária
- Tiveram infeções urinárias resistentes no passado
- Tomaram antibiótico no passado recente
- Têm infeções urinárias frequentes
- Não sentem melhorias em 24 a 48 horas depois do início da toma de antibiótico
- Estão grávidas.
Normalmente não se fazem testes imagiológicos (ecografia), mas podem ser necessários caso existam suspeitas de infeções graves ou de bloqueio do trato urinário.
Tratamento
O tratamento de uma infeção urinária passa muitas vezes pela toma de antibióticos e de analgésicos receitados por um profissional de saúde, mesmo antes do resultado da urocultura ou com um teste negativo. Isto é porque muitas vezes a concentração de bactérias é ainda baixa para ser conseguido um resultado positivo até 48 horas de cultura bacteriana. Caso lhe seja prescrito um antibiótico e até 48 horas os sintomas não melhorarem, por favor contacte o seu profissional de saúde.
- Os analgésicos receitados para as infeções urinárias ajudam a reduzir a dor, contudo não tratam a origem da infeção bacteriana.
- Pode também ser-lhe recomendado que aumente a ingestão de líquidos, pois poderão ajudar a limpar as bactérias da bexiga.
- A maior parte das pessoas recupera de uma infeção urinária em poucos dias. Por vezes pode ser pedido para repetir a análise no caso de os sintomas não desaparecerem.
- As mulheres têm uma maior propensão a ter infeções urinárias crónicas, pelo que é importante que se confirme que os sintomas que apresentam resultam efetivamente de uma infeção urinária para que o tratamento seja o mais adequado e eficaz possível. É importante descartar uma infeção por bactérias resistentes. Neste caso pode ser necessário fazer uma ecografia ou uma ressonância magnética.
Estilo de vida para prevenir infeções urinárias crónicas
Apesar de não termos a solução para evitar infeções urinárias crónicas, deixamos algumas sugestões que pode considerar no caso de sofrer desta condição:
- Mudar de método contracetivo – a utilização de espermicidas, especialmente se usado com diafragma, pode aumentar o risco de ter infeções urinárias crónicas
- Sumos de frutos vermelhos e suplementos alimentares com probióticos, vitamina C e D-manose são muitas vezes promovidos para a prevenção de infeções urinárias frequentes. Contudo, não existem estudos científicos suficientes que demonstrem o benefício destes, mas também não há provas em contrário
- Aumentar o consumo de fluidos – pode ajudar a prevenir infeções urinárias. Ajuda também a diluir a urina e consequentemente, a diminui a concentração de bactérias na bexiga
- Urinar e lavar a zona genital depois das relações sexuais – pode ajudar a eliminar microrganismos evitando que estes cheguem à bexiga. Não existe documentação científica deste procedimento, mas sabemos que também não é prejudicial
- Evitar reter a urina quando sente a bexiga cheia. As bactérias crescem em meios quentes e húmidos. Uma bexiga cheia por muito tempo é o meio ideal para as bactérias se desenvolverem
- Manter uma higiene cuidada. Limpar da frente para trás após a dejeção de fezes ajuda a prevenir que as bactérias da zona anal se espalhem para a vagina e uretra
- Evitar os duches vaginais e os sprays íntimos perfumados
- Optar por duches em vez de banhos de imersão
- Utilizar roupa interior de algodão e evitar usar calças muito justas. A roupa justa e sintética proporciona um bom meio para desenvolvimento de bactérias.