Janeiro 20, 2022
Alergia ao sol. Pela Dra. Paloma Borregón
Com a chegada do verão, o sol é o grande protagonista e muitas vezes a nossa pele reage à exposição solar.
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Com a chegada do verão, o sol é o grande protagonista e muitas vezes a nossa pele reage à exposição solar.
A expressão “alergia ao sol” é bastante ampla e engloba um grupo de afeções de pele a que os dermatologistas chamam de FOTODERMATOSES. São alterações cutâneas desencadeadas pela radiação ultravioleta, UVB, UVA, luz visível e radiação infravermelha, que se manifestam durante os meses de primavera e verão e produzem sintomas desagradáveis como comichão, bolhas, zonas avermelhadas, que por vezes apresentam vesículas.
Embora o grupo das fotodermatoses seja vasto, segue uma breve explicação sobre as mais frequentes:
ERUPÇÃO POLIMORFA SOLAR OU ERITEMA POLIMORFO SOLAR. É a mais comum. Durante a primavera, começam a aparecer lesões elevadas, avermelhadas, persistentes sobretudo nos braços, peito e pescoço (na cara também, embora com menos frequência já que esta zona está exposta ao sol durante todo o ano). Pode ocorrer em qualquer pessoa, mas é mais frequente em mulheres entre os 20 e os 30 anos, sobretudo de pele clara. O tratamento consiste na prevenção, e por isso, durante estes meses deve-se insistir na proteção solar muito alta (50+) e na sua aplicação frequente, evitar a exposição solar e complementar com fotoproteção oral.
URTICÁRIA SOLAR. Aqui as lesões podem aparecer por todo o corpo e surgem como bolhas evanescentes, ou seja, lesões elevadas que provocam prurido e desaparecem ao fim de algumas horas. Pode apresentar-se em qualquer idade. Melhora com anti-histamínicos, para além das recomendações gerais para o tratamento de qualquer tipo de fotodermatose.
DERMATITE ACTÍNICA CRÓNICA. É mais comum em pacientes de idade avançada como consequência da exposição solar crónica. Aparecem lesões avermelhadas e descamação nas zonas habitualmente expostas ao sol.
PRURIGO ACTÍNICO. Reação cutânea que se inicia na primeira década de vida. Produz prurido intenso e lesões cutâneas avermelhadas, com escoriações (o paciente coça-se devido ao prurido intenso). Costuma aparecer nas zonas da pele expostas ao sol, mas é extensível a todo o corpo.
HIDROA VACINIFORME. Mais comum nas crianças de pele clara, nas quais, ao se exporem ao sol, surgem lesões avermelhadas com vesículas que têm tendência a deixar cicatrizes como as da varicela.
REAÇÕES FOTOTÓXICAS. Ocorrem quando se combina o efeito de um fármaco, tomado por via oral ou aplicado topicamente, com a exposição solar. São similares a uma queimadura solar. O fármaco torna-nos mais sensíveis ao sol e este origina queimaduras, podendo aparecer lesões avermelhadas eczematosas, por vezes com bolhas. Em alguns casos, estas reações requerem tratamento com corticoides, para além de se recomendarem os conselhos comuns a todas as fotodermatoses. Muitos fármacos aumentam a sensibilidade à luz solar, sobretudo alguns antibióticos, AINES (anti-inflamatórios não esteroides), antidepressivos, ansiolíticos e diuréticos.
DOENÇAS FOTOSSENSÍVEIS. São aquelas que se agravam ou desencadeiam com a exposição solar. Por exemplo, lúpus, porfirias cutâneas e dermatomiosite. Outro exemplo mais frequente é o herpes simples, que surge muitas vezes depois de passar algum tempo ao sol.
Verifica-se assim que o leque de doenças da pele que podem aparecer como consequência da exposição ao sol é muito amplo e as recomendações para os pacientes são comuns a todas as afeções: evitar a exposição solar, sobretudo a meio do dia, utilizar conscienciosamente protetores solares de MUITO ALTA proteção, 50+, e complementar com proteção solar oral, 1 cápsula por dia ao pequeno-almoço, a partir da primavera e durante todos os meses de sol.